sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A FALAR É QUE A GENTE SE ENTENDE

UMAS VEZES SIM. OUTRAS NEM POR ISSO
O dia de hoje é historicamente marcado por grandes conversas que foram importância para a humanidade, pelo menos grande parte dela. Dessas 'grandes conversas' saíram conclusões mas os homens que se reuniram, em alguns casos, FALARAM, FALARAM MAS SE SE ENTENDERAM OU NÃO.... 
Ora relembremos:


EM 1265, realiza-se no PALÁCIO DE WESTMINSTER a primeira reunião do PARLAMENTO INGLÊS, um acontecimento que em muito terá contribuído para fazer da Inglaterra a democracia mais antiga do Mundo, embora se perceba que nessa época, o povo formava uma 'classe' com quase nenhuns direitos.
Aliás (e como tantas outras vezes) nós os portugueses acabamos 'ao canto da História' sem razão, pois as CORTES DE COIMBRA realizadas em 1211 (54 anos antes) no reinado de D. Afonso II, remete-nos quase para os primórdios da nacionalidade.
Haja (também) orgulho nisto!

TERMINAVA EM 1920, EM PARIS, A CONFERÊNCIA DA PAZ, iniciada um ano antes, com a presença de 70 delegados de 25 países, para determinar as condições que seriam estabelecidas aos países derrotados da I Guerra Mundial e evitar se possível uma indemnização de guerra aos países vencedores. 
Politicamente dominada pelos "Quatro Grandes", Estados Unidos, Reino Unido, França e Itália, que apenas se interessava pelas suas reivindicações territoriais, com desprezo pelo Vaticano cujo território afirmava não lhe dizer respeito.
O presidente Wilson quis impedir a decisão do desmembramento do estado alemão, como queriam o Estado-Maior francês e Lloyd George, primeiro ministro inglês.
A manutenção da Alemanha unida acabou por vingar e a reunião acabou com a assinatura do TRATADO DE VERSAILLES com o fim de fixar o novo mapa político da Europa, as indemnizações de guerra e definir as condições de desmilitarização dos vencidos, de forma a reduzir drasticamente as suas futuras forças militares.
A paz na Europa durou pouco mais de 15 anos!

COMO NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS, apesar de haver muitas mais, a terceira deste dia em 1942 foi a CONFERÊNCIA DE WANNSEE uma reunião do governo da Alemanha Nazi e dos líderes das SS, realizada nos subúrbios de Berlim.
Marcada pelo director político de Segurança do Reich, HEYDRICH, o objectivo era assegurar a cooperação do governo na solução final para a questão judaica. Na reunião estiveram presentes os secretários-de-estado das Relações Exteriores, Defesa, Economia Justiça, e Interior, tal como os membros superiores das SS e da GESTAPO.
No decurso da reunião, Heydrich descreveu como os judeus iam ser reunidos e enviados para campos de concentração na Polónia ocupada onde seriam executados. O resultado é conhecido como a maior operação de extermínio que há memória. Seis milhões de pessoas foram torturadas, assassinadas ou mantidas em campos de trabalho onde se mantinham até à morte.
Uma enorme mancha (mais uma) na História da Humanidade.



PARA TERMINAR, não posso deixar de mencionar uma reunião de tipo bem diferente que ocorreu em 1554, no PAÇO DA RAINHA e teve como protagonista principal Joana de Áustria, casada com o príncipe D. João Manuel, neto do rei D. João III. Porque foi assim importante a reunião ainda por cima num quarto? Porque foi o dia em que SEBASTIÃO, O DESEJADO nasceu!
À reunião assistiram, como é expectável, médicos da Corte e as aias que se multiplicaram em esforços e manobras, em volta da cama onde D. Joana, mãe do desejado se debateu até ao fim com muita valentia, apesar das dores e do sofrimento, vindo a morrer após o parto.
Reza a lenda, que uma conhecida cega, tida por vidente, foi apanhada às portas do Paço e metida na prisão enquanto gritava que previsões para grandes desgraças para o reino e para o recém nascido..

Já caiu a noite sobre os campos de Shuaquen.
Há o vento do deserto e frio a cheirar a morte. 
Milhares de corpos amontoados.
Os feridos, os mortos, os moribundos;
os mutilados sem glória nem esperança.

Vultos sonâmbulos, por entre pequenas fogueiras,
vão curvados na desgraça, agradecendo a sorte.
Nas sombras, vivos e esgotados.
Há gritos de agonia e outros furibundos
e arrepios, para apagar da lembrança.

Ao longe, entre duas dunas, no meio de palmeiras,
numa enorme tenda jaz no seu leito de morte
o jovem do elmo e da armadura dourados,
de sonhos loucos e dois golpes fundos. 
Da brava gente, poucos sobram da matança.

Desaparecido para sempre, no auge da contenda,
‘O Desejado’ lhe chamaram e nasceu uma lenda.

(Lisboa, 4 de Agosto de 1978 – 4º centenário da Batalha de Alcácer Quibir)