quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O que significa ser velho?

Será um simples facto numérico, contado aos cinquenta, relembrado aos sessenta e temido a partir dos setenta anos, ou aquilo que somos pelos nossas comportamentos e perspectivas sobre o mundo? É esta a indagação que Gabriel Garcia Marquez faz nesta sua sublime obra.
"Memória das minhas putas tristes" relata a história de um velho que sempre foi medíocre em tudo que fez, vivendo uma vida sem grandes realizações e, principalmente, sem amor.
Um professor e escritor aposentado que vive num casarão herdado dos pais e cujas únicas atividades se resumem a escrever uma crónica semanal para um jornal local e eventuais resenhas de apresentações de música clássica. Ao completar 90 anos, decide pedir para uma velha conhecida cafetina que lhe arranje uma jovem virgem para a noite do seu nonagésimo aniversário. Essa idéia súbita desencadeia um processo que vai mudar a vida do velho e, nesse livro de memórias, ele relata o ano que segue a partir dessa noite onde ele descobre duas coisas que atormentariam a maioria dos homens: a impotência e um amor. Uma menina de 14 anos que precisa criar os irmãos e acabar de se criar a si própria, desperta-lhe esse sentimento oculto na sua vida que passa a transbordar nas suas crónicas, agora apaixonadas, no jornal de domingo. Uma história que realmente nos faz pensar no quanto inusitada é a vida e no valor que devemos dar a cada segundo, pois ele é único e depois dele pode haver mais um, ou não.
É de Gabriel Garcia Marquez, a frase chave do livro:
"O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um pacto honroso com a solidão".
Recomendo!