quinta-feira, 13 de março de 2014

UM PAÍS A ANDAR PARA TRÁS


O Instituto Nacional de Estatística ( INE ) divulgou os valores oficiais de 2013.

O milagre económico que o ministro da economia assinalou e o país que está melhor segundo Passos Coelho são, talvez, referências a outro país já que Portugal, em dois anos e meio, andou para trás cerca de quinze anos.

Segundo o INE, nos últimos três anos, a contracção da economia foi de 5,83%, deixando o PIB de 2013, em 163,4 MM€ ou seja, apenas mais 1,51% que em 2000.
Mas se a análise for feita em relação ao PIB per capita, então o empobrecimento ainda é mais evidente.pois enquanto em 2001, esse montante era de 14.973,1 €, em 2012 baixou para 14.748,4 €.


O recuo do país seria ainda mais elevado não fosse a subida das exportações e as famílias terem recuperado algum poder de compra no último trimestre de 2013.


Quanto ao emprego, Portugal chegou ao final de 2013 com 4,57 milhões de empregos mas destes, cerca de 617 mil trabalhadores, sem remuneração. Para encontrarmos valores semelhantes temos de recuar a 1996, quando a economia portuguesa empregava 4,56 milhões de trabalhadores.


Os valores divulgados evidenciam ainda a destruição de 580 mil empregos desde o início de 2009, dos quais 358 mil só durante o chamado período de ajustamento.


Obviamente que a destruição de empregos acima referenciada teve consequências dramáticas no disparar da taxa de desemprego que se situou em 2013 nos 15,3%, abaixo do inicialmente projectado.
Mas, este valor pode estar a ser ajudado por 3 factores, em simultâneo:
- Os elevados números da emigração, mais de 300.000;
- Um número indeterminado de desempregados que deixou de procurar trabalho.
- Milhares de desempregados que se encontram mensalmente em formações e estágios.
No conjunto, tratar-se-á de perto de 800 mil pessoas que deixaram de estar inscritas nos centros de emprego ou que não contam para a estatística do desemprego; se tal não acontecesse, a taxa de desemprego situar-se-ia no intervalo de 22 a 25%, mais de 1,4 milhões de pessoas. Uma catástrofe.

Só estas duas vertentes chegam para verificarmos que apesar dos tais sinais de recuperação que o governo não se cansa de evidenciar, o desastre social é demasiado evidente para que se possa honestamente pensar e afirmar que estamos num país melhor.